João Grama (Portugal)
“O vale do Rio Pranto é dominado pelos campos de cultivo de arroz, prática agrícola que remonta a largas dezenas de anos. A sua paisagem, particularmente visível durante os meses de Verão, caracteriza-se poruma estrutura fundiária muito repartida, indício do cariz familiar que ainda permanece ligado a essas mesmas práticas.
O acesso aos campos de cultivo faz-se através de caminhos de terra, que aqui, na região, se denominam por “Motas”, nome invulgar e sem qualquer registo documental que nos permita compreender a sua origem.
O recente projeto de emparcelamento integraldos campos de cultivo do Rio Pranto, com vistaa uma melhoria na eficiência das práticas agrícolas, prevê
a reorganização dessa estruturade acessos, o que constitui uma séria ameaça ao desaparecimento de dezenas destes micro-topônimos que constituem os dez campos de cultivo desse mesmo vale.
O meu encontro com a população local das aldeiasde Pedrogão do Pranto e Vinha da Rainha, pretendeu colmatar essa falha, ou, pelo menos, iniciar o processo de reflexão sobre este património específico. O resultado desse momento ficou expresso na peça sonora “Motas”, com o registo de todas as denominações do Campo do Conde – afeto às aldeias, mas também no mapa desenhado pela população, hoje em posse da Associação Local.”
BIOGRAFIA
João Grama, Lisboa 1975. Entre 2005-08 frequentou os Estudos Avançados de Fotografia no Ar.Co, em Lisboa, tendo finalizado em 2016 o Programa Meisterschülerstudium, na Hochschule für Grafik und Buchkunst em Leipzig, na Alemanha, com um bolsa de estudos da Fundação Calouste Gulbenkian. Expôs em 2016 mostras individuais no Museu do Chiado e no CIAJG, em Guimarães. Em 2015 integrou a seleção de Jovens Artistas do Prémio EDP. Nomeado para a European Photo Awards pela Fundação Gulbenkian, expôs durante 2012 em diversos locais nos quais se destacam o Centre Calouste Gulbenkian, em Paris, e Deichtorhallen Kunst und Fotografie, em Hamburgo. Encontra-se representado em diversas coleções pessoais e públicas portuguesas, nomeadamente Fundação EDP, Novo Banco Art, Fundação PLMJ e Col. Figueredo Ribeiro.
Crédito fotográfico: Pedro Rosa